O Lispectar da verdade

Verdades inventadas é o que temos
Mas não a verdade Lispectar
A verdade elegante, de chinelo e vinho
De terno de linho e céu
O que se entrega de real em sacos rotos:
-A falsa fala de um falso homem com sua faixa
( Sustentado pelos cegos, os centros, as fardas sujas, as rachaduras e as suásticas )

-Um agro verde, humano e pop
(Montado em seus venenos, seus jagunços, fogo, desterros e mortes)

-Um PIB altivo e vistoso
(Com suas garras nas costas do povo, a regurgitar-lhe quirera e ossos)

-Um País conservado em azul e laureado de rosa e moral
( Sobre o sangrar do arco-íris, sobre corpos pretos e peles vermelhas, infâncias pálidas , e mulheres reduzidas nas sombras a covas e estatísticas )

Limitada e terrível, somente a passível justiça
Que vive, opulenta e cega e torta, no tédio parlamental ou de toga.

Acredito que não era essa verdade inventada que pedira
No final, a única verdade, desse país, que resiste
É a perna curta da mentira !

Diferenças

Como disse Pedro
Presos estamos
Pois eles tomaram tudo !
Enquanto
Na Espanha milhares às ruas
No Canadá outros também
Um País por um jovem Gay
Um País por centenas de nativos

No meus país de tanto calor humano
De um povo Alegre e trigueiro
Milhares odeiam Índios
Ainda que, com seus sangues nas veias
Milhares odeiam Gays e todo o arco-íris
Mesmo que nenhum tenha o mal feito
E dos negros já sabemos
Desde o tempo dos porões caravelescos
Quando é branco, é só suspeito
Quando é preto, é criminos, vagabundo, pernicioso

E os eleitos?
Cegos guiados por todo dinheiro
Surdos para os oprimidos
Ávidos ouvintes de sussurros corrompidos

Pior os neutros
Não pisarão nas ruas
Não levantaram suas vozes
Preferem sangrar aos poucos
Para assistirem a as veias jorrando
Preferem roer migalhas
Aplaudindo a fome de tudo
Carregando milhares.

Óh grande Pátria
Com seus braços fortes
A sufocar o povo com “mão amiga”
A gritar Brasil !
Saudando a milícia familiar
Expulsando os contrários
Exaltando o brilhante passado
Entregadores uniformizados
Das riquezas do nosso povo varonil

Mas há esperanças
Esperando
Em pedras, gasolina, garrafas e panos?
Talvez
Talvez haja ainda esperança
Em um outubro democrático e republicano, talvez.

Pedras de esperança

O parvo que grasna com jornalista
Distribuindo vírus de motociclista
Puxa para si os holofotes
Suas crias Noticiosas caminham a passos largos
São equinos troianos
Esdrúxulos, néscios
Parelhas caricatas

A vileza bem trajada
Unhas feitas
Belas falas
Anda em sombras
Cresce frio
Aceita flores
Faz mea-culpa
Afaga seus animais do circo
Atiça seus cães de caça

Matilha sem raça
Com ódio a escorrer entre os dentes
Acéfalos e famintos
Usarão as flores mortas nos funerais da paz
Chorarão nos túmulos:
Das crianças ,desnutridas, abusadas, espancadas
Das mulheres, servis, caladas, sozinhas, solteiras, dependentes, inclusive das suas quando não lhe servirem mais
Dos negros, das negras com ou sem fuzis, porém avós, filhas e pais
( Mas abraçam os que os trazem as centenas)
Dos nativos povos do Oiapoque ao Chuí.
Dos trabalhadores ,agora com direitos que lhes conferem deveres

Abandonados ficarão
Sem flores e funerais:
Artistas
Antifascistas
Feministas
Paredistas
Anarquistas
Socialistas
Considerados inimigos mortais

E por fim será escavada uma vala
E lá será concretada toda e qualquer poesia
Concretada viva.

Ainda uma esperança pelas ruas e praças caminha
Uma esperança que tem seu nome escrito em pedras
Uma esperança nascida em 40
Remoçada nas escolas e teatros, sempre
Onde a ousadia enfrenta os cães
Quando a união faz o vil chamar pela mãe !!

#bolsonarogenocida

Esse tempo

Há hoje uma briga, os que vieram agora e os que chegaram depois
E já estão ,como nós, todos mortos com o por vir
Já que aos ancestrais foi aprovada a chacina
Às árvores centenárias, caminhos de ripas
Aos animais, o arder ou o sangrar?
Da terra só se salva o que brilha ou o que faz brilhar em outras terras além do mar
O céu será cinza, das cinzas do cremar
A água vermelha , habitada de mortes
Sua vida seca chega no mar.
O mar, oceano há de chorar sem o cantar da baleia
Sem poder respirar.

Os que gritaram: verde! ontem
Escondem suas vozes nos bornais
Esses a espera de outros verdes de mais valia
Por onde se ouviu do primitivo, discurso
Há paz
E há esperança para a riqueza
E sonhos de um novo planeta
Logo alí
Logo mais.

#PL490Não