Diferenças

Como disse Pedro
Presos estamos
Pois eles tomaram tudo !
Enquanto
Na Espanha milhares às ruas
No Canadá outros também
Um País por um jovem Gay
Um País por centenas de nativos

No meus país de tanto calor humano
De um povo Alegre e trigueiro
Milhares odeiam Índios
Ainda que, com seus sangues nas veias
Milhares odeiam Gays e todo o arco-íris
Mesmo que nenhum tenha o mal feito
E dos negros já sabemos
Desde o tempo dos porões caravelescos
Quando é branco, é só suspeito
Quando é preto, é criminos, vagabundo, pernicioso

E os eleitos?
Cegos guiados por todo dinheiro
Surdos para os oprimidos
Ávidos ouvintes de sussurros corrompidos

Pior os neutros
Não pisarão nas ruas
Não levantaram suas vozes
Preferem sangrar aos poucos
Para assistirem a as veias jorrando
Preferem roer migalhas
Aplaudindo a fome de tudo
Carregando milhares.

Óh grande Pátria
Com seus braços fortes
A sufocar o povo com “mão amiga”
A gritar Brasil !
Saudando a milícia familiar
Expulsando os contrários
Exaltando o brilhante passado
Entregadores uniformizados
Das riquezas do nosso povo varonil

Mas há esperanças
Esperando
Em pedras, gasolina, garrafas e panos?
Talvez
Talvez haja ainda esperança
Em um outubro democrático e republicano, talvez.

Bertolt: Há Paulo.

Ah, Bertolt
Há, ainda, há
Quem lê com olhos cegos
As palavras malditas
E o vento ainda carrega longe
Verdades mentidas
E os que crêem no mal da justiça
E há também
Quem prefere o dessaber
Quem achata Terra
E os de bem a saudar os vis
Há quem trabalhe para a fome
E há a fome de quem trabalha todo dia
Os que almejam a escola oca
E a classe direita
Há soldados esquálidos e vazios
Matando para salvar aos ricos o pão
Ah, Bertolt
Há, ainda
Um bem e justo que cresce nas brechas
Vivente em todas as eras
Há ainda uma luta
E há tantas Rosas nas tribunas
E cadernos italianos
Há, Tchê, Mujica e Paulo
Sim, há Paulo, que cura os cegos que lêem
Há, ainda há
E há todos nós, ainda e sempre.