Esse tempo

Há hoje uma briga, os que vieram agora e os que chegaram depois
E já estão ,como nós, todos mortos com o por vir
Já que aos ancestrais foi aprovada a chacina
Às árvores centenárias, caminhos de ripas
Aos animais, o arder ou o sangrar?
Da terra só se salva o que brilha ou o que faz brilhar em outras terras além do mar
O céu será cinza, das cinzas do cremar
A água vermelha , habitada de mortes
Sua vida seca chega no mar.
O mar, oceano há de chorar sem o cantar da baleia
Sem poder respirar.

Os que gritaram: verde! ontem
Escondem suas vozes nos bornais
Esses a espera de outros verdes de mais valia
Por onde se ouviu do primitivo, discurso
Há paz
E há esperança para a riqueza
E sonhos de um novo planeta
Logo alí
Logo mais.

#PL490Não

Um dia depois do fim

Morre
A terra morre
Assim que plantamos a primeira semente
No segundo seguinte ao primeiro bicho domesticado
Morre a terra
Morre

Morre
A terra morre
Assim que o homem fincou raiz
Assim que derrubou a primeira árvore
Logo que queimou o primeiro mato
Para produzir mais que o necessário
Morre a terra
Morre

Morre
Quando o gelo ártico some
Quando a água seca
Quando o mar cresce
Quando o verde queima
Quando a ilha é de plástico
Morre
A terra

Não!

Morre o homem
Morre
Cada vez mais depressa
Cada vez mais pobre
Produzindo mais riqueza
Morre
O homem morre

Morre o homem
Quando mais um bicho extingue
Quando o mel para
Quando aquela flor some
Morre
O homem morre

E não vê que morre
Pois o desejo de tudo ter o consome
E nem tudo o que tem
Tem a necessidade de ter
E o ser que o humano deixou de ter
Morre
A terra sofre
Até o dia que o homem some.

Vários momentos

O congresso do golpista global

 vítima do seu mal!

É bom!

Mas muito mais trágico e perigoso

Se não for contido

Convida seus doidos

Ao tempo neandertal

Avisa seus imitadores 

Da possibilidade real

Longe 

Leões sedentos em rios secos

Tigres famintos sem habitat

Peixes sumidos e ursos magros

Ursos magros, sem gelo

Animais marinhos de plástico

Bóiam 

Cemitério oceânico

Corais brancos

Mares mortos

Por caçadores de lucros

Por aqui

Foi fogo

Depois, um pasto ou um canavial, pantaneiro

Depois, campos de sojas ou gado, amazônicos

Os maiores tesouros destruídos

Antes de serem encontrados

Ou ensinados pelos nossos povos “vermelhos”.

A milícia, os pecuaristas, os capitalistas neo liberais, os neo pentecostais e episcopais

Por caminhos distintos

Tem os mesmos ideais

A mentira, a mentira, a mentira

A mentir uma verdade tingida

Nos púlpitos, gritada 

Se veste de ódio e cai da boca de deus

Veneno como benção nos corações dos fiéis

Que fiam os dias, sem auxílio, sem emprego, sem saúde, sem direito, sem discernimento

Uma criança trans assassinada

Uma criança

Uma criança

Uma criança vendida 

Para o gringo golpista

No luxo de copacabana 

Uma criança

Uma criança

Nunca mais criança

Tem festa

Tem praia

Gente, abraço, boteco, pegação

Viagem , tradição

Sem consideração.

Tanto negacionistas

Quanto “socialistas”

Para escapar da loucura.

Como prêmio,

Pela quarentena de 2020

Ou por ter sobrevivido a covid

Para mostrar ao amor morrido:

Não estamos tristes !!!

Aonde você estiver livre

Tem o vírus…

Tem trabalhador,

Que não tem auxílio

Que não tem proteção

Que tem que lhe servir

Bêbado e feliz

Por ter sido forte

O ano passado 

Um ser justo, solidário e companheiro !!!!!!

Do meio do homem

Digo

No umbigo do homem

Não cabe:

A Flôr, o bicho, a planta, a água, a ave, o céu nem o amor.

No umbigo do homem

Só cabe :

O homem, o.fogo, o lucro, o dinheiro, o momento agora, o poder e a destruição.

No olho do homem não cabe , futuro

Só tem cinza no olho do homem

Só tem morte e fome e fúria

No olho do homem

Outro homem ou mulher ou criança ou idoso, não

No olho , no umbigo do homem,

Só o homem sem compaixão.

O futuro fica para trás

Colocamos o divino

Em trono celestial

Por isso a floresta queima

O cerrado arde

Os rios secam

A água falta

A fome cresce

O humano tudo mata

Inclusive se mata

Se pudéssemos ver

A divindade, essa energia cósmica criadora, essa Mãe de tudo, 

Em tudo,

Tudo seria diferente.

Até para fazer dinheiro é preciso chuva, árvores, alimentos, humanos.

Para se ter ouro, antes tem que ter a terra, a rocha, o vulcão, a água, o humano.

O divino, no seu trono, nas estrelas

O criamos nossa imagem e semelhança ( patriarcal )

Justifica a destruição e a morte do humano na Terra.

Se existe algo divino ela é a força da natureza 

E o humano se julga mais forte  

É o filho do divino que criou.

O humano crê que tudo nesse mundo existe para servi- lo

E que quando algo acabar o Divino criado, reporá.

Sábios os povos ancestrais de nossas florestas que faziam parte da mesma , vivendo e cuidando dela.

Sábio pois não tiravam nada além do necessário, 

Eram todos ricos sem nada possuírem 

Eram todos abastados, dividindo 

Eram soberanos, convivendo com todos os outros seres vivos.

Precisamos andar para trás

Para quem sabe chegar mais a frente.