Desejos noturnos para o alvoroçar

Quero devastar os intermináveis campos verdes inférteis
De grãos, gados e dólares
Que só produzem papéis e ações.

Campos de fome e escravidões diversas

Quero arrastar na lama de vidros e farpas essa gente perversa
Que em uma mesa brega
Cheia de hienas velhas e velhos abutres
Plantam misérias e colhem fortunas
Entre tigelas de maldade e colheradas sarcásticas.

Gente vil, de gravata e chibatas.

Quero acorda meu povo
Desse ópio ótico televisivo
Quero corroer com palavras de doçura ácida
Essa algema-tela, esse cabresto cibernético
Esse feitor que nos obriga a olhos baixos e voz tabuada.

Se não há nas mesas macios pães
Que tenhamos pedras nas vidraças!

Quero incendiar
Mercados que vendem futuros
Levantam muros
E dizem que o mérito e o luxo é para quem trabalha duro.

Vamos !!
Quem labuta muito
Quem não tem tijolos
E tem um futuro de séculos passados
Vamos !!!
Não há balas e bombas para nós
Cento e noventa e cinco milhões de invisíveis.
Vamos !

Adriano Chastel.

Deixe um comentário