Como cultivo saudades

Não é algo azul que dói
Tão pouco é ardor vermelho vivo
Saudade é vinho
Saudade é horta
Assim guardada em caverna sob aorta fresca
Assim semente em solo rico de amor e carinho.

Saudade é assim, um som pequenino,
Uma chuva fina, o chapisco do muro, Uma grafada frase ,na parede, fina
Um moleton folgado, um vestido curto
Um aconchego de braços, um ombro de lenço,
Dois cigarros divididos…

Uma distância vestida de campos,
Espaços achados entre ponteiros,
E tempos tatuados de silenciosos olhares.

Pedaços de nós
Apartados de nós
Carregados por nós
Sim,para cultivar saudades é preciso um semiplágio de um certo Chico
Um incerto adeus
Um sofá deserto
Saudades é de lugar árido inundado desse calor rouco e de tudo mais que ficou aqui para trás.

Adriano Chastel.

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